quarta-feira, 13 de julho de 2011

Cade aprova fusão entre Sadia e Perdigão condicionada a suspensão de algumas marcas e venda de ativos

A BRF - Brasil Foods S.A. acabou divulgar um comunicado informando que o Plenário do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou a Associação entre a BRF e a Sadia S.A., subordinada ao cumprimento das disposições contidas no Termo de Compromisso de Desempenho (TCD), também firmado nesta data.

"São partes do TCD, de um lado, a BRF e a SADIA, e, de outro, o CADE, constituindo, esse documento, parte integrante da decisão proferida pelo Plenário do CADE no âmbito do Ato de Concentração nº 08012.003189/2009-10. (A íntegra do documento encontra-se disponível nos seguintes endereços eletrônicos: www.brasilfoods.com,www.cvm.gov.br, e www.cade.gov.br)".

Segundo o comunicado, "as medidas estabelecidas no TCD estão limitadas ao território nacional, nos mercados e/ou categorias de produtos especificados no TCD, estando a BRF e a SADIA livres para atuar no mercado externo como um todo, mercado nacional de lácteos e mercado nacional de food service, na medida em que não afrontem as premissas e a efetividade do TCD".

Veja abaixo as imposições feitas pelo Cade:

1. Medidas impostas às companhias BRF e SADIA:

O TCD contempla as seguintes medidas principais que deverão ser obrigatoriamente observadas pelas Companhias:

(a) alienação das seguintes marcas e de todos os demais direitos de propriedade intelectual a elas relacionados: (i) Rezende, (ii) Wilson, (iii) Texas, (iv) Tekitos, (v) Patitas, (vi) Escolha Saudável, (vii) Light Ellegant, (viii) Fiesta, (ix) Freski, (x) Confiança, (xi) Doriana e (xii) Delicata.

(b) alienação, em conjunto, de todos os bens e direitos relacionados a determinadas unidades produtivas (incluindo funcionários, instalações e equipamentos), que compreendem (i) 10 fábricas de alimentos processados, (ii) 02 abatedouros de suínos, (iii) 02 abatedouros de aves, (iv) 04 fábricas de ração, (v) 12 granjas de matrizes de frangos, (vi) 02 incubatórios de aves;

(c) alienação de todos os bens e direitos relacionados a 08 Centros de Distribuição;

(d) cessão de toda a carteira de contratos com produtores integrados de aves e de suínos, atualmente utilizada para garantir o suprimento específico das estruturas produtivas mencionadas na alínea "b", que se encontram detalhadas no Anexo 1 do TCD, acrescida de tantos outros contratos que se fizerem eventualmente necessários para garantir, no mínimo, fornecimento de 100% de aves e 70% de suínos utilizados na produção de alimentos processados nas unidades produtivas alienadas;

(e) a carteira de contratos referida na alínea "d" e o conjunto de ativos referido nas alíneas "b" e "c" devem estar geograficamente articulados nos mesmos moldes em operação, atualmente, pelas Companhias;

(f) o conjunto de todos os ativos produtivos, tangíveis e intangíveis, indicados nas alíneas "a" "b", "c" e "d", são caracterizados como uma universalidade de fato (designada no TCD como "Negócio") e correspondem a uma capacidade de processamento industrial de alimentos no montante de 730 (setecentos e trinta) mil toneladas, sendo 96 (noventa e seis) mil toneladas de margarinas, e o restante nos mercados relevantes com preocupações concorrenciais;

(g) suspensão do uso da marca PERDIGÃO, no território nacional, pelo prazo de 03 (três) anos, nos seguintes produtos: (i) presunto suíno cozido, apresuntado e afiambrado; (ii) kit festa suínos (lombo suíno temperado, congelado, paleta suína, defumada, pernil com/sem osso temperado, presunto tender, tender suíno); (iii) lingüiça curada e paio;

(h) suspensão do uso da marca PERDIGÃO, no território nacional, pelo prazo de 04 (quatro) anos, no seguinte produto: salames;

(i) suspensão do uso da marca PERDIGÃO, no território nacional, pelo prazo de 05 (cinco) anos, nos seguintes produtos: (i) lasanhas; (ii) pizzas congeladas; (iii) kibes e almôndegas e (iv) frios saudáveis;

(j) as Companhias não poderão utilizar, pelo período de 05 (cinco) anos, nas categorias indicadas nas alíneas "g", "h", "i", além de margarina, peru in natura, mortadela, kit festa aves, hambúrguer, empanados e salsicha, outras marcas, já existentes ou que venham a ser criadas, que não aquelas indicadas no Anexo 3 do TCD. Também não poderão utilizar marcas ou denominações delas derivadas sob qualquer forma. Para as marcas constantes do Anexo 3 do TCD em que estiver estabelecido limite máximo de participação, a verificação, a qualquer tempo, de desrespeito desse limite implicará a suspensão definitiva da marca correspondente, pelo período aqui estabelecido, na categoria em que tiver ocorrido a violação.

(k) suspensão do uso da marca BATAVO, durante 04 (quatro) anos, para os produtos e categorias indicadas nas alíneas "g" "h", "i", além de margarina, peru in natura, mortadela, kit-festa aves, hambúrguer, empanados e salsichas; e

(l) as Companhias deverão abster-se, durante o prazo de vigência do TCD, de celebrar com quaisquer pontos de venda, incluindo redes atacadistas e varejistas de supermercados e hipermercados, acordos de qualquer espécie que impliquem exclusividade de fato ou de direito de vendas, publicidade ou merchandising, inclusive no tocante à forma de exposição dos produtos no ponto de venda.

(m) quanto à carne de peru, as Companhias garantem fornecimento de peru in naturaao adquirente do Negócio, em volume correspondente à participação de mercado da marca Rezende, dados Nielsen volume (média 2010), pelo preço de venda de exportação desse produto.

2. Condições e prazos para o cumprimento das obrigações do TCD:

2.1. O adquirente do "Negócio" (item 1 alínea f) deverá, cumulativa e individualmente, comprovar perante o CADE:

a) higidez financeira, inclusive para realização de investimentos futuros;
b) capacidade administrativa e gerencial e;
c) inexistência de quaisquer vínculos, diretos ou indiretos, inclusive controle externo, com as Companhias ou com seu respectivo grupo econômico.

2.2 As Companhias deverão tomar, em prazo compatível com as demais obrigações constantes do TCD a tornar o "Negócio" pronto e disponível para alienação, incluindo, providências de reorganização societária, liberação de ônus reais e obrigacionais, reestruturação administrativa organizacional ou quaisquer medidas que se façam necessárias.

2.3 Referidos prazos estão definidos em cláusulas confidenciais do TCD.

2.4 As medidas comportamentais sobre o uso de marcas previstas no item 1, alíneas "g", "h", "i", "j" e "k" incidirão a partir do dia subseqüente à assinatura do contrato de alienação do "Negócio".

3. Obrigações das Companhias durante o prazo fixado para alienação do negócio:

(a) manter em pleno funcionamento as unidades produtivas objeto de alienação, em condições operacionais não inferiores àquelas existentes nesta data;

(b) replicar, nas instalações, processos produtivos e produtos a serem alienados, os aperfeiçoamentos feitos nas instalações, processos produtivos e produtos que permanecerão com a BRF;

(c) manter o nível de emprego das referidas unidades produtivas, ficando vedada a dispensa injustificada de pessoal;

(d) manter investimentos em marketing nas marcas objeto de alienação em patamares no mínimo equivalentes aos realizados em 2010;

(e) manter a participação de mercado das marcas envolvidas na alienação, aferidas em conjunto por cada categoria Nielsen, no mínimo, no mesmo patamar dos dados Nielsen 2010, conforme constante do Anexo 4 do TCD. A participação de mercado no momento da alienação será aferida com base na média dos dados de participação base Nielsen (volume) dos 06 meses anteriores à alienação do "Negócio".

4. Monitoramento e penalidades:

4.1. O CADE fiscalizará o cumprimento das obrigações assumidas pelas Companhias no TCD, que também contempla a imposição de penalidades em caso de descumprimento de suas disposições.

4.2. Para aferir a regularidade de todas as obrigações indicadas no TCD, as Companhias contratarão, às suas expensas, em até 10 dias da assinatura do TCD, auditoria independente de primeira linha, que não tenha qualquer restrição dos órgãos de regulação econômica (CVM, BACEN e outros).

5. Informações adicionais:

Os demonstrativos abaixo procuram simular os impactos, na BRF, no ano de 2010, das medidas contempladas no TCD. Nessa simulação não foi levado em consideração eventual incremento das vendas com as marcas que continuarão sendo utilizadas pela BRF, em substituição aos produtos , sob as marcas Perdigão e Batavo, que terão suas vendas temporariamente suspensas por força da decisão do CADE, em categorias específicas definidas no item 1 alíneas (g), (h), (i) e (k).

A marca Perdigão, bem como todos os direitos a ela associados, permanece como propriedade da BRF e utilizada normalmente em várias categorias de alimentos processados como empanados, hambúrgueres, mortadela, lingüiças frescais, pratos prontos congelados (exceto lasanha), bacon, comemorativos de aves, além de toda linha de produtos in natura, entre outras. O volume sujeito às restrições do TCD representaria em 2010 cerca de um terço das vendas sob a marca Perdigão.

Por fim, em relação aos ativos que serão alienados, a BRF compromete-se a manter a qualidade dos seus produtos e o fornecimento aos pontos de venda até que seja feita a transição para os novos proprietários.

No que diz respeito aos funcionários e produtores integrados que atendem às unidades que deverão ser vendidas por exigência do CADE, a BRF adotará todas as medidas possíveis para minimizar os impactos decorrentes da mudança de controle destes ativos. O TCD estabelece a obrigatoriedade de que o comprador dos ativos a serem alienados mantenha o nível atual de empregos pelo prazo mínimo de seis meses.


A companhia finaliza o comunicado dizendo que "a partir de agora a Companhia trabalhará para concluir o plano de integração das duas empresas, criando assim as condições necessárias para fazer da BRF uma líder global no setor de alimentos"

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Rússia deve retirar embargo à carne brasileira ainda este mês

Um mês após anunciar o embargo à importação de carnes de frigoríficos de três Estados do Brasil, os russos concordaram em reabrir seu mercado ao produto nacional. Até o fim de julho, a Rússia deve formalizar sua decisão em uma teleconferência.

Uma missão técnica negociou, na semana passada, em Moscou, a reabilitação. Durante dois dias, o grupo brasileiro tentou convencer o Serviço Veterinário da Rússia a derrubar o embargo, iniciado em 15 de junho. Das 236 plantas auditadas, 143 serão habilitadas a exportar novamente. Outras 93 seguirão com "restrições temporárias" até o cumprimento das normas e padrões russos. O Brasil enviará nova lista de estabelecimentos aprovados. Os russos pediram garantia de abastecimento mesmo com a redução do número de fornecedores. E exigiram o combate a embarques não autorizados ou contrabandeados de carne para Rússia e Ucrânia.

O governo avalia que indústrias e importadores "têm fôlego" para aguardar até o fim de julho. Houve grande volume de embarques até 15 de junho. Em 15 dias, segundo o Ministério da Agricultura, foram exportados o equivalente a dois meses de vendas. "Por isso, a grita diminuiu", diz uma fonte oficial.

Pesou para a decisão da Rússia o anunciado investimento de R$ 50 milhões na rede nacional de laboratórios. Para liberar as importações, os russos impuseram um "curso de treinamento" dos profissionais dos laboratórios, em instalações russas, para atender às exigências de controle, padronização e certificação.

O secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim, disse que estava "muito preocupado" com os resultados negativos da inspeção russa ocorrida em abril. Foram criados dois grupos de trabalho para avaliar métodos de inspeção e segurança laboratorial.

O czar russo da sanidade, Sergei Dankvert, participou das negociações e avalizou pessoalmente a reabertura. Dankvert virá ao Brasil em breve. Nova missão deve vir ao Brasil para uma "inspeção adicional" em "três ou quatro" Estados.

Os russos gostaram das explicações técnicas da missão brasileira. Mas, por uma questão de sinalização, decidiram aguardar alguns dias para oficializar a reabertura. "Se fosse para dizer não, teriam dito na hora. Mas para dizer sim, eles demoram um pouco mais. É parte da cultura russa, do estilo durão deles", diz uma fonte do governo.

Os russos fizeram, porém, algumas ressalvas ao trabalho brasileiro, apontando uma "condescendência" com as chamadas não conformidades. Questionaram o porquê de sua missão técnica, de abril, ter desabilitado 30% das plantas visitadas e a fiscalização do Ministério da Agricultura ter deixado de fora apenas 10% das plantas auditadas. Esse "ruído inicial" ocorreu segunda-feira passada, primeiro dia da reunião. Os brasileiros aproveitaram o intervalo da terça-feira para reunir argumentos.

Na quarta-feira, segundo dia do encontro, explicaram que a diferença percentual decorria da desabilitação prévia feita pelo Brasil antes de enviar uma nova lista de estabelecimentos em condições de exportar à Rússia. Até o embargo, havia 209 plantas habilitadas. Depois, ficaram 125 unidades. A defesa convenceu os russos.

Dessa vez, os russos elogiaram a rapidez do Brasil, à semelhança da Dinamarca, em responder novos questionamentos. Informaram que levariam "alguns dias", mas divulgariam uma nota pública sobre a reunião para "tranquilizar" o mercado internacional.

Frio reduz a produção de leite do Rio Grande do Sul

O frio excessivo e as fortes geadas no início deste inverno, em pleno período de safra de leite no Rio Grande do Sul, devem provocar uma queda de 18,5 milhões de litros na produção gaúcha deste mês em relação a julho de 2010. O desempenho corresponde a uma retração entre 7% e 8% na mesma base de comparação, conforme projeção preliminar do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindilat-RS), e já deve ter impacto sobre os preços do produto para o consumidor nesta semana.

Segundo o diretor-executivo da entidade, Darlan Palharini, a estimativa foi feita a partir do levantamento sobre a captação das indústrias na primeira semana de julho, que indica uma queda na produção local para a média diária de 7,5 milhões de litros, 500 mil litros a menos do que em junho e 600 mil a menos do que em julho de 2010.

O problema é que o inverno começou com duas semanas de frio muito intenso e temperaturas negativas em várias regiões do Estado. Conforme o assistente técnico da Emater-RS, Fábio Schilick, o clima prejudicou o desenvolvimento das pastagens e reduziu a produtividade das vacas leiteiras nas propriedades com poucas reservas de silagem ou ração para complementar a alimentação dos animais.

De acordo com Palharini, o normal é que a produção gaúcha de leite siga uma trajetória ascendente de junho até setembro, antes de iniciar o período de declínio até chegar ao período mais forte de entressafra, de janeiro a abril. Desta vez, porém, o padrão foi quebrado. Até agora o Sindilat-RS não tinha registro de queda no volume produzido em julho na comparação com junho.

A Santa Clara, com sede em Carlos Barbosa, costuma receber nesta época 550 mil litros de leite por dia de 4,3 mil associados. O diretor Alexandre Guerra ainda não tem um levantamento sobre a quebra do início de julho, mas já ouviu relatos de criadores sobre reduções de 5% a 10% na produção.

A quebra na safra de leite também vai mexer nos preços do produto. No varejo, a previsão é de 10% de alta nesta semana, diz o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo.

Os criadores de gado leiteiro esperam elevação ou ao menos estabilidade dos preços recebidos da indústria neste mês em comparação com junho, segundo o assessor de política agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), Airton Hochscheid. Para junho, o valor previsto (o fechamento só será conhecido dia 18) é de R$ 0,6724 por litro com padrão de qualidade normal.

A matéria é de Sérgio Ruck Bueno, publicada no jornal Valor Econômico

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Interleite 2011: Artur Chinelato recebe o Prêmio Impacto 2011.


O primeiro dia do Interleite 2011 iniciou e terminou com a seguinte mensagem: "Um evento de produtores para produtores". Proferida pelo organizador do evento, Marcelo Pereira de Carvalho, a mensagem foi lembrada por muitos dos presentes na mesa de abertura do evento, na qual importantes agentes do setor lácteo nacional fizeram parte.
Haroldo Max de Souza, presidente da OCB de Goiás, reforçou a importância do porte do evento e de como o tema era propício por apresentar produtores de sucesso em um país que ainda carece de profissionalismo na produção de leite, contudo, que possui com enorme potencial. Rodrigo Sant'Anna Alvim, presidente da Comissão da Pecuária de Leite da CNA, também abordou a tendência de concentração do setor como ocorreu em outros países e a necessidade de controle dos custos de produção, de produzirmos de maneira eficiente. O controle de custos e um dos maiores preços aos produtores do mundo foi abordado por Vicente Nogueira Netto, presidente da Fepale (Federação Pan-Americana do Leite) pela potencialidade de nos tornarmos importantes no mercado global se fizermos nosso dever de casa, apesar dos problemas ligados ao câmbio.

Após a abertura, ocorreu a entrega do Prêmio MilkPoint Impacto 2011. O nome do vencedor de 2010, Vidal Pedroso de Faria, foi lembrado pela sua devoção à cadeia do leite e por ser considerado o "guru" do projeto Balde Cheio, o qual teve grande responsabilidade na premiação de Artur Chinelato de Camargo, idealizador do projeto, como técnico do ano.

Artur, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, agradeceu os mais de 2.000 votos e aos outros participantes, que tornaram sua escolha ainda mais importante. Ele lembrou de todos seus parceiros no projeto Balde Cheio e emocionou a plateia dizendo que, como diz a canção de Milton Nascimento, "com a alma encharcada, repleta de chão, o artista tem de ir aonde o povo está" - e é o que faz com o Balde Cheio, dando ainda um recado para pesquisadores e professores, que precisam ver a realidade de produtores que estão praticamente abandonados.



Ainda pela manhã tivemos três palestras que abordaram diferentes temáticas, mas todas mostrando enorme evolução dos produtores. A de abertura "De 30 a 25.000 litros diários em pouco mais de quatro décadas - a experiência das Fazendas Reunidas ACP e Filhos (Carmo do Rio Claro/MG)", como o nome diz, mostrou a evolução da propriedade de Leo Pereira apoiada pelo desenvolvimento da parte agrícola. Segundo ele, "a vaca transforma em leite o que a agricultura produz, por isso damos tanta importância em nosso propriedade a ela".

"Capim é a base do sucesso de nosso sistema. Temos 130ha de capineira para silagem, que alcançam uma média de 40 ton de MS/ha/ano ou 200 ton de MV/ha/ano", conta Pereira. A Fazendas Reunidas ainda utiliza da rotação de culturas entre milho e soja para produção de silagem. A rotação incrementa a produtividade e também não deixa a terra em desuso. "Os produtores deviam cada vez mais pensar em rotação de culturas, é muito vantajoso em regiões que a possibilitam".

Por fim, Pereira apresentou seu projeto de expansão para a fazenda: crescimento até o final de 2012 para 1.500 vacas em lactação e produção diária de 40.000 litros de leite, a partir de um investimento em mais de 300 ha de irrigação com pivot central. "Nosso crescimento será baseado na produção agrícola!"

A segunda palestra foi proferida por Geraldo Calmon, que contou a experiência da Fazenda Cananéia pela qualidade e certificação na produção de leite. Uma parte do que Geraldo abordou pode ser visto em nossa entrevista exclusiva sobre o processo de certificação. Outra parte e que se destacou foi a excelência na produção de leite, atenção à detalhes que passam despercebidos em outras propriedades e busca pela "perfeição".

O resultado é um leite de excelente qualidade (células somáticas 353mil/ml e unidades formadoras de colônias, 15mil/ml) e com alto teor de sólidos (teor de proteína de 3,67%, e de gordura, 4,77%). Com isso Geraldo recebe R$ 1,22/litro - sua produção diária é de 2.300 litros -, sendo que o preço base (sem as bonificações que recebe por qualidade) é de R$ 0,82/litro. O preço recebido impressionou a plateia e mostrou que é possível agregar valor na produção de leite.

Slide da apresentação da Faz. Cananéia demonstrando o valor que agrega com seu leite de melhor qualidade



A última apresentação da manhã trouxe Fernando Stédile demonstrando a experiência da Fazenda Santa Isidoro, situada em Coxilha (RS), no Sul do país. Stédile contou que em 1991 ordenhava 15 vacas, das quais 13 tinham mastite, em 2 baldes ao pé.

Falou da falta de informação para os produtores de leite e como seu orgulho por sua produção o levaram a buscar especialização na atividade, mudando o panorama da fazenda. Após 20 anos, o número de vacas em ordenha ultrapassa 420 animais da raça holandesa, em sistema de pastejo em piquetes rotacionados, suplementados com silagem de milho, pré-secado de aveia/azevém e concentrado. A meta é atingir 600 vacas em lactação até o final de 2012 mantendo o mesmo sistema, que lhe rende uma produtividade média de 28 litros/vaca/dia.

terça-feira, 5 de julho de 2011

LBR lança sistema de valorização da qualidade do leite


A LBR - Lácteos Brasil anunciou a vigoração, a partir de 1º de julho, em todo o Brasil, do Sistema de Valorização da Qualidade (SVQ). Segundo a empresa, a iniciativa visa recompensar a dedicação dos fornecedores e incentivá-los a entregar maior volume de leite e um produto com teores mais elevados de gordura e proteína, além de baixas Contagem Bacteriana Total (CBT) e Contagem de Células Somáticas (CCS).

Em comunicado enviado à imprensa, a LBR observa que "o lançamento acontece justamente quando os produtores se veem diante do desafio de se enquadrarem a padrões mais rígidos de qualidade, estabelecidos pela Instrução Normativa 51, do Ministério da Agricultura, que deve passar a vigorar dentro de seis meses".

Ainda segundo a empresa, a medida beneficia também os consumidores, que adquirem produtos lácteos com a certeza de que são fabricados com matéria-prima de alta qualidade. O diretor de Captação e Suprimentos da LBR, Roberto Hentzy, destaca o fato de o SVQ estar integrado a outras iniciativas desenvolvidas pela empresa para aprimorar a atividade no campo, que incluem a transferência de tecnologia, o estabelecimento de parcerias e convênios, e vias de acesso ao crédito. "Isso reforça nossa disposição de contribuir para fortalecer o setor ao remunerar os produtores pelas melhorias que promovem em suas propriedades. Além disso, é uma clara demonstração de nosso zelo em fornecer aos consumidores um produto de alta qualidade", afirma.

De acordo com o SVQ, os produtores são remunerados com um valor-base comum, estipulado pela empresa. Em cada região, a LBR também estabelece um adicional de mercado, que leva em conta aspectos como a localização da propriedade em relação à fábrica na qual o leite é entregue e as condições mercadológicas do local para onde se destinam os produtos daquela fábrica. Os fornecedores poderão ainda receber adicionais em razão do volume entregue à empresa: quanto mais leite, melhor remuneração.

Mas os principais critérios de remuneração dizem respeito à qualidade. Serão avaliados os teores de proteína e gordura, a Contagem de Células Somáticas (CCS) e a Contagem Bacteriana Total (CBT). Para isso, mensalmente duas amostras do produto passarão por análise laboratorial. Os resultados considerarão a média de quatro amostras coletadas: duas no mês em vigor e duas do anterior, o que permitirá estabelecer uma média mais justa ao produtor e reduzir o impacto, por exemplo, de variações sazonais.

Para assegurar a confiabilidade das amostras, os transportadores da LBR, responsáveis pela coleta, foram capacitados. Mais de 100 técnicos da empresa que se relacionam com os produtores, também receberam treinamentos de reciclagem, ministrados por especialistas de sete laboratórios da Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL), que realizam as análises para a LBR.

As equipes de atendimento aos produtores estão aptas a esclarecer dúvidas sobre o SVQ. Além disso, eles receberão cartilhas com orientações sobre o programa e os valores diferenciados pelo produto entregue. "Nossa ideia é que a iniciativa seja de inclusão, de aperfeiçoamento, e não de exclusão daqueles que ainda não alcançam os parâmetros desejados. Não é um processo seletivo. Ao contrário, é uma tentativa de contribuir para que os produtores se mantenham na atividade", ressalta Hentzy. Ele argumenta que ao estimular o "fazer mais, com menos", a LBR contribui para que a produção de leite seja uma atividade mais rentável e sustentável.

Com informações da Porto Press, assessoria de imprensa da LBR

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Suinocultura abandonada


A criação de suínos passa por um momento delicado. O alto custo da ração e o baixo preço pago pelo quilo do porco vivo estão levando criadores a abandonar a atividade.

Roque Avrella é criador independente há 20 anos em Porto Mauá, no Rio Grande do Sul. Desde o fim do ano passado, ele acumula prejuízos que passam de R$ 150 mil por mês. Segundo ele, a culpa é do alto custo de produção. "Trabalhando com dois anos de prejuízo, eu vejo que o melhor é parar com a atividade parar com a atividade para não ter mais prejuízo", diz.

Somente as matrizes estão nos chiqueiros e aos poucos serão descartadas. Mesmo tendo qualidade genética, os animais devem ser abatidos até o fim do ano.
"Uma matriz custa ao produtor em torno de R$ 500 a R$ 600. Quando abater, você vai pegar em torno de R$ 400 por matriz. Os machos, que a gente faz uma aquisição para a central, por cerca de R$ 20 mil, teremos de eliminar os animais pegando R$ 500 por animal", avalia Avrella.

Outros criadores não esperarão até o fim do ano. Eles já pararam. Na granja onde eram engordadas mais de mil cabeças de suínos, há um mês os galpões estão vazios e sem utilidade.

O criador Italino Smaniotto conta que o prejuízo era de um real por quilo de porco entregue para abate. Com o que ganhou nos últimos dois anos não conseguiu pagar sequer a reforma dos galpões, que custou R$ 150 mil. "Se fosse olhar, dá depressão na pessoa. Mas não adiante. Tem que levantar a cabeça e vamos ver o que vamos fazer prá melhorar", diz.

Na granja em São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná, os criadores já começaram a diminuir o número de animais.

A criadora Eliandra Borghezan se desfez de 700 porcos para reduzir os gastos. Hoje, o quilo da carne, vendido a R$ 1,80, não cobre nem os custos. Segundo os produtores, seria preciso receber R$ 2,50 por quilo para não haver prejuízo. Só em junho, a perda na propriedade chegou a R$ 64 mil reais. Dois empregados foram demitidos.

"Em junho o banco liberou um custeio ainda. Mas julho eu já não sei. Começam a vencer os custeios feitos no ano passado e não tem chance nenhuma da gente conseguir pagar. É triste, é assustador", diz Eliandra.

O criador Dionísio Mohler tem 20 mil animais e 25 funcionários. Ele vende a um frigorífico da região 2,5 mil porcos por mês. Cada animal vendido significa uma perda de R$ 80.

Os prejuízos acumulados na propriedade nos últimos dois meses chegam a R$ 400 mil reais. Fica difícil pensar até em como pagar as dívidas.

"Tem muita gente pensando em desistir. Só que acontece que a suinocultura você não consegue desistir dela em curto prazo. Pelo porte da minha granja, levaria em torno de um ano de prazo para acabar com ela. O que a gente está pensando é correr atrás de recurso e manter a atividade", diz Mohler.

Nesta semana, uma missão brasileira ira à Rússia discutir a suspensão das vendas de carne suína. O Brasil apresentará uma lista com 140 frigoríficos aptos a exportar imediatamente, de acordo com as exigências dos russos. O governo brasileiro investirá ainda R$ 50 milhões em laboratórios de análise de alimentos.


BRF e Cade fazem reunião hoje e podem decidir futuro da companhia


A BRF-Brasil Foods terá, hoje, o seu dia decisivo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça. Representantes da companhia terão reunião com os conselheiros que pode decidir o destino da compra da Sadia pela Perdigão.

No encontro, os integrantes do Cade vão cobrar da empresa a venda de um pacote de ativos, que inclua marcas e fábricas, e seja capaz de criar um rival efetivo da companhia. Eles não pretendem aceitar os argumentos de que outras empresas já estabelecidas no país e com marcas reconhecidas, como a Seara, seriam rivais capazes de competir com o mesmo potencial da BRF. Também não vão acatar alegações de que empresas estrangeiras poderiam crescer no país adquirindo esse pacote, como a Tyson, o que seria prejudicial ao país.

O Cade quer um concorrente de fato, que seria formado a partir da venda de ativos da BRF, e, para o órgão antitruste, não importa se for nacional ou estrangeiro. O essencial para o Cade é a proteção dos consumidores. O que prevalece no conselho é que os consumidores estarão resguardados se existir um concorrente capaz de baixar os preços sempre que houver eventuais aumentos da Sadia e da Perdigão. Para tanto, é preciso um rival forte em mercados como carnes in natura, frangos, perus e congelados em geral. Ao todo, a operação envolve mais de 30 mercados.

Os conselheiros pretendem julgar o negócio no próximo dia 13. A rigor, eles têm mais duas datas para fazer isso: 13 e 27 de julho, que são as duas próximas sessões do Cade. Mas, na sessão do dia 27, o processo da Sadia-Perdigão terá cumprido 58 dias no conselho. E o Cade tem, no máximo, 60 dias para julgar. Esse prazo está previsto na Lei Antitruste (nº 8.884). Ele é interrompido quando as empresas pedem para apresentar pareceres.

O problema, para o Cade, é que se os 60 dias forem ultrapassados, o negócio será aprovado automaticamente. Por isso, para os conselheiros o mais seguro seria tomar uma decisão no dia 13.

Quanto ao julgamento no dia 13, há duas possibilidades. Ou se chega a uma solução negociada ou o Cade impõe uma decisão. Na primeira hipótese, o caso seria resolvido de imediato. Na segunda, a decisão antitruste pode ser levada à Justiça, caso determine a separação da Sadia e da Perdigão.

A BRF já ofereceu uma proposta de vender a concorrentes o equivalente a 15% de sua produção. Mas, ela foi recusada pelo relator do processo, conselheiro Carlos Ragazzo, que, ao fim, votou pela reprovação do negócio. Um dos problemas verificados por ele é que a proposta incluiu contratos de fornecimento de produtos industrializados por encomenda: durante dois anos, os concorrentes receberiam produtos a preços mais baixos do que os de mercado e, com isso, poderiam investir em fábricas próprias para aumentar a produção. Mas, para Ragazzo, os contratos não resolveriam pois, após esses dois anos, a empresa não conseguiria fazer frente ao poder da BRF.

Agora, quem conduz as negociações é o conselheiro Ricardo Ruiz, que pediu vista do processo. Ele é o próximo a votar. Depois dele, votam três conselheiros.

A matéria é de Juliano Basile, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.

sábado, 2 de julho de 2011

Nutrição

Arroz na ração

Com excedente de produção registrado na última safra, o arroz poderá fazer parte da alimentação animal, especialmente de aves e suínos no Rio Grande do Sul. O cereal substituiria o milho, hoje importado pelo estado.

A ideia surge como alternativa para ampliar o aproveitamento do arroz e influenciar no aumento dos preços. O baixo preço do grão provoca uma das piores crises que a lavoura orizícola já enfrentou. A análise da proposta ainda será aprofundada, antes de ser levada ao governador gaúcho, Tarso Genro.

O Rio Grande do Sul importa de outros estados cerca de um 1,5 milhão de toneladas de milho para a produção de rações, que poderiam ser substituídas por 1,8 milhão de toneladas de arroz para se obter a mesma produção. Em função dos estoques nacionais de milho estarem baixos e haver superprodução de arroz, o secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, acredita que a medida resolveria dois problemas de uma vez: "Sob o ponto de vista técnico nutricional, a substituição de um pelo outro aponta uma equivalência. Vamos buscar encontrar uma equação econômico-financeira que permita viabilizar a substituição