sexta-feira, 22 de maio de 2009

Pastejo exclusivo de capins do gênero Panicum pode causar morte de eqüídeos

Pastagens para Eqüídeos

Pastejo exclusivo de capins do gênero Panicum pode causar morte de eqüídeos

Até o momento, o problema tem sido observado apenas na região amazônica, durante período chuvoso.
Nos últimos anos, vem crescendo a apreensão de pecuaristas e técnicos, com respeito a casos de cólica em equídeos (cavalos e burros) que pastejam determinadas cultivares de capins do gênero Panicum, em alguns locais da região Amazônica.
Até o presente, esse problema tem sido observado, exclusivamente, na região Amazônica, no período chuvoso, em especial no seu início. Caracteriza-se por acometer equídeos com cólicas, levando à morte em alguns casos. A princípio, este problema vem sendo relacionado à ingestão de certos capins do gênero Panicum (capim-massai, capim-tanzânia e capim-mombaça).
Em dois de abril de 2009, a morte de equídeos em pastagens de Panicum foi tema de uma reunião técnica pioneira, organizada pela Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS. Nessa reunião, profissionais da Embrapa Gado de Corte, Embrapa Amazônia Oriental, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e de universidades federais dos estados do Pará (UFPA), do Amazonas (UFAM), da Paraíba (UFPB), e a Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) discutiram o problema e traçaram estratégias de pesquisa para a sua elucidação e resolução.
De acordo com o médico veterinário e professor da UFPA, José Diomedes Barbosa Neto, que, juntamente com pesquisadores da UFRRJ e UFPB, vêm estudando os aspectos epidemiológicos, clínicos, patológicos e patogenéticos da enfermidade, a condição caracteriza-se por sinais clássicos de cólica. À necropsia, verificam-se congestão, erosões e úlceras na mucosa do estômago, congestão da mucosa e dilatação do intestino delgado com grande quantidade de conteúdo líquido, avermelhamento da mucosa e grande quantidade de gás no ceco. O percentual de mortalidade dos animais acometidos por esse problema estaria em torno de 40%.
As causas da enfermidade e morte dos equídeos ainda são desconhecidas, especulando-se, dentre as possibilidades, a existência de microrganismos endofíticos nos capins e a consequente produção de alcalóides tóxicos por esses microrganismos, e a presença de saponinas, ou outros princípios tóxicos no tecido vegetal.
Especula-se, ainda, que tais condições de toxicidade pudessem ser provocadas por mudanças metabólicas dos capins, causadas pelas características ambientais peculiares da região amazônica, como clima, solo e fotoperíodo. Todas essas possibilidades, além de outras, deverão ser investigadas, em pesquisas que serão intensificadas ou iniciadas, como resultado das estratégias de ação discutidas durante a reunião técnica de Campo Grande.
A partir dos conhecimentos que se têm até o momento, a alternativa recomendada para lidar com o problema é evitar o pastejo exclusivo das cultivares de Panicum - Tanzânia-1, Mombaça e Massai, por equídeos, durante a época chuvosa, nas regiões de ocorrência da enfermidade. Para isso, devem ser fornecidas áreas com pastagens alternativas para o remanejamento dos equídeos durante a época de ocorrência dos surtos.
Para a região amazônica, algumas das opções são a grama-estrela-africana, para os solos mais férteis ou adubados e os capins andropógon (Andropogon gayanus) ou quicuio-da-amazônia (Brachiaria humidicola) para os de menor fertilidade. No caso do quicuio-da-amazônia, deve-se ter cuidado especial na mineralização dos animais (deficiência de cálcio) e na possibilidade de fotossensibilização.

Moacyr B. Dias-Filho é engenheiro agrônomo, mestre em pastagens pela Esalq/USP e Ph.D em ecofisiologia vegetal pela Cornell University e pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

Um comentário:

  1. olá, queria saber se posso dar o capim-mombaça, pra meus cavalos em formar de trato no cocho e em piquetes?

    mail:douglasgr_@hotmail.com

    obrigado

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